Pages

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Como escolher e principalmente como preparar um país para receber um evento esportivo de proporções mundiais como a copa? Ao dar o start para a contagem regressiva do grande acontecimento as dificuldades presentes e futuras se tornam cada vez mais evidentes. Ao ter os holofotes em si, as características de um país, principalmente as negativas, se destacam. Construir uma imagem demanda tempo e investimentos, sendo assim as contribuições desse evento tornam-se ainda maiores, já que o mundo esta de olho esperando o primeiro erro. Diante disto, a postura do país mediante essas expectativas deve ser refletida em planejamento e ações que signifiquem investimentos, resultados, obras anteriormente prometidas, enfim, iniciadas, entre outros tantos fatores. Não basta se orgulhar do fato de sediar a próxima copa do mundo, é preciso mostrar que está preparado – pelo menos em tese – para honrar tal compromisso. 
Desde a publicação da noticia de que o Brasil sediaria a próxima copa, várias indagações foram surgindo a respeito deste assunto, desde piadas de humoristas americanos até discussões mais sérias. Mas, a verdadeira questão é: nosso país está realmente preparado para lidar com todos os benefícios e riscos que envolvem um evento deste porte? O que, de fato, tem sido feito em relação a obras para que este evento aconteça sem muitas surpresas (o que no Brasil é cada dia mais raro)? E qual o papel do turismólogo em relação a toda essa história? Basta fantasiar e acreditar na máxima de que “2014 é o ano do turismo”?
Ao contrário do que nosso (não muito) querido Robbie Williams (ator) pensou e afirmou, o Brasil não sediará as olimpiadas e a copa por ter enviado "cinquenta strippers e um pouquinho de pó" (veja o video e leia a respeito aqui). Entre tantos fatores, o país mostrou-se capaz de sediar a copa (e também as olimpiadas) por já ter recebido um evento esportivo (o PAN 2007, no Rio de Janeiro) e pela velha fama de país do futebol e de muitas riquezas culturais e naturais (eufemismos a parte). Ao todo, foram escolhidas 12 cidades sedes e, como nenhuma delas estava realmente preparada – em termos de infra-estrutura – deu-se início aos projetos de qualificação, capacitação e melhoria dessas cidades. Entre estas 12 cidades, Recife (a região metropolitana, para ser mais exato) se destaca. 
Todo o país se mobiliza em função da realização do evento, são inúmeras ações que vão desde a criação de novos estádios, passando pela capacitação e profissionalização, até a criação de “cidades inteiras”, o que ocorre no nosso estado. O projeto se chama "cidade da copa" e a ideia é criar um novo estádio e, com isso, influenciar ações urbanas numa área de expansão agregando uma estação de metrô e um terminal integrado de passageiros. O valor projetado para o estádio é de R$ 500 milhões e o valor de intervenções necessárias na cidade é de R$ 3,7 bilhões.
Hoje, a cidade conta com um total de 12.500 Unidades Habitacionais, um aeroporto com capacidade para 5 mil passageiros e 602 estabelecimentos hospitalares (segundo dados do Ministério de Turismo). Há uma expectativa de aumento do número de leitos com a instalação de novos empreendimentos, segundo a Secretaria de Turismo grandes redes hoteleiras apresentaram projetos e a previsão é de que em 2011 esses novos estabelecimentos já estejam concluídos. 
Um dos principais desafios com relação a copa é a qualificação profissional para as pessoas  que trabalham em setores ligados direta ou indiretamente ao turismo.  A prestação de um serviço de qualidade é fundamental para que o Brasil se destaque e se consagre no âmbito do turismo internacional, fazendo com que os turistas que virão para a copa fiquem satisfeitos, voltem e indiquem o destino em seus países de origem. O Ministério do Turismo, em parceria com entidades do setor, lançou o programa Bem Receber Copa para capacitar o setor de turismo visando atingir padrões internacionais de qualidade nos serviços turísticos. O programa que é focado em pessoas, empresas e destinos tem como slogan “O Sucesso do Brasil na Copa está em Nossas Mãos”. Ele será implementado em parceria com entidades que integram o Conselho Nacional de Turismo (CNT) dos segmentos de Alimentação, Transporte, Receptivo, Hospedagem, Entretenimento, Negócios e Eventos. O objetivo é qualificar 306 mil profissionais do turismo até o ano de 2013 contando com cursos tanto presenciais quanto a distância.
Tendo em vista tudo – ou pelo menos parte do - que um evento da importância e do porte que a Copa do Mundo carrega, surgem, basicamente, duas linhas de pensamento em relação ao evento: uma muito otimista (quase utópica) - que pode ser percebida na afirmação de Bruno Tenório (Professor do IFPE) de que o “Brasil está sim preparado pra a copa 2014 e isso vai trazer muitos avanços para atividade turística no país” – e outra pessimista (ou até mais realista) – embutida na afirmação do nosso atual governador Eduardo Campos de que “na prática, temos os projetos”, quando perguntado (no NETV) o que se tem feito, na prática, para resolver os problemas de trânsito (apenas um dos desafios) no estado. Então, cabe ao turismólogo escolher qual caminho seguir e qual postura assumir em relação a esta nova aventura na qual o nosso país se meteu.

4 comentários:

Anônimo disse...

Considerando o fato de que estamos em processo de formação acadêmica e que devemos possuir sempre uma visão questionadora como profissionais e para nos tornarmos profissionais de qualidade, e concebendo a importância da copa do mundo para o Brasil o primeiro passo como sempre discutido é planejar, tendo assim uma ação realista. Porém um planejamento sem efetivas ações não significa muito do ponto de vista que os meses e anos estão passando e a copa está batendo em nossas portas e quem mais deveria estar dando atenção e importância ao fato de que poderemos realizar este evento diante de grandes dificuldades, gerando ainda mais transtornos, não estão dando. Sempre voltando à questão de construção de uma imagem, já que o turismo trabalha com isso e nos turismólogos temos que valorizar ainda mais este fato, deve-se considerar a afetiva realização de obras, no caso planos e ações, que se configurem na realização de uma evento de qualidade, recebendo bem os turistas, e desenvolvendo esse grande evento da melhor maneira.

Danielle Rodrigues

Unknown disse...

Todos sabemos - e o post deixa isso bem claro – o quanto é importante para o turismólogo (enquanto profissional) se impor diante de uma problemática tão peculiar quanto a realização da Copa do Mundo no Brasil. Entretanto, eu realmente não consigo tomar um partido.
Obviamente, é muito bom saber que o país está se desenvolvendo ao ponto de poder sediar os dois eventos esportivos mais importantes do mundo, mas, em contra partida surge a interrogação: “Será que vai dar mesmo certo?” “Será que nosso país (com tantas dificuldades em setores básicos como saneamento, saúde, educação, alimentação, etc.,) esta mesmo preparado para algo tão grandioso” E, se o Brasil realmente conseguir desempenhar seu papel como sede da copa entregando todas as obras (realmente completas) a tempo, o que será feito com todas essas construções de primeiro mundo?
É triste saber que não dá pra obter as respostas para a maioria dessas indagações. Contudo, eu ainda prefiro ser otimista e acreditar que vai dar certo, mas, sempre com a visão realista de que ainda falta muito pra ser feito, pensado e repensado e mantendo meus pés no chão (mesmo que o "chão" seja em cima do muro)!

Anônimo disse...

A participação do turismólogo na organização desse mega evento que será a Copa é fundamental para que ele possa trazer o máximo de benefícios para o Turismo no país, fomentando a atividade. Iniciativas como a do Ministério de Turismo de capacitar os diversos profissionais que estarão ligados ao desenvolvimento da atividade turística e em contato direto com os visitantes é de extrema importância para que o país tenha um desempenho de qualidade na prestação de serviços. Profissionais qualificados resultam em turistas mais satisfeitos e melhoram a imagem do país junto aos mesmos. Com relação a infra-estrutura das cidades-sede fica claro que elas necessitam de reformas e melhor planejamento para atender a grande demanda de turistas, até mesmo por que muitas vezes é falha para os próprios moradores. Com isso, percebe-se a importância de que os projetos saiam dos papéis e comecem a serem postos em prática.

Mariana Melo

Renata disse...

O governo tem mostrado a preocupação de capacitar os profissionais que atuarão na Copa do Mundo a ser realizada no Brasil, mas percebemos que essa preocupação não parece atingir a infra-estrutura do nosso país. Como foi citado até mesmo pelo governador do nosso estado (Pernambuco). O tempo está passando e se o Brasil realmente quer mostrar o seu melhor é necessário agir mais rapidamente, pois os profissionais estão aí se capacitando e essas obras na infra-estrutura são necessárias para melhor atender aos turistas assim como todos os profissionais (jogadores, equipe técnica, imprensa etc) que virão participar desse evento. Também fica clara a importância do papel do turismólogo, pois este é o profissional com a visão preparada para solucionar e gerir da melhor maneira possível essas questões. O que nos resta é torcer e ir atrás para que este evento supere as expectativas e finalmente mostre para o mundo quem é o Brasil.

Postar um comentário