“Compreendendo o turismo enquanto indústria – termo que não vem sendo muito praticado e sobre o qual um debate renderia vários TCC’s – pode-se dizer que o mesmo se utiliza do meio ambiente, da sociedade e da cultura local para produzir e gerar consumo, distanciando-se, assim, da onda sustentável que invade as mentes dos novos empresário e empreendedores. Portanto, enxergando o turismo enquanto atividade econômica predatória cabe ao turismólogo – aquele tal profissional de turismo, mencionado no post anterior – atentar para esse tema tão em voga atualmente e, ao mesmo tempo, tão mal trabalhado em prática.”
Desbravando um conceito...
Desde que entramos na universidade, no ano de 2008, coincidindo com um período mundial em que a sustentabilidade estava em voga (e ainda está), este mesmo tema tem se mostrado presente nos discursos acadêmicos. A tentativa de criação de uma conscientização perante preocupações que foram surgindo acerca da situação do meio ambiente, estão presentes no decorrer de nossas vidas atuais, noticiários, conversas com amigos, palestras, enfim, está claro que o que está acontecendo é apenas a ponta do iceberg, com o passar do tempo essa temática irá vigorar ainda mais, a questão são as informações que temos, ou seja, os verdadeiros conhecimentos.
Apesar de haver um maior enfoque do fator ambiental, quando o assunto é sustentabilidade, tanto no meio acadêmico quanto nas mídias sociais é importante que o turismólogo tenha consciência de que a atividade traz consequências também para os ambientes econômicos, culturais e sociais. Ou seja, deve-se levar em consideração o tripé da sustentabilidade aliando os fatores econômico, social e ambiental de forma a reduzir impactos negativos e maximizar benefícios, tendo uma visão mais ampla da atividade turística. Além disso, é fundamental que o profissional de turismo coloque em prática o que aprende na teoria uma vez que a sustentabilidade é muito bonita e idealizada no papel, porém poucas pessoas que atuam no mercado a colocam em prática. Considerando o fato de que a responsabilidade social que o turismólogo tem como cidadão, acaba por ser reforçada por sua profissão.
A função do profissional de turismo, em relação a prática sustentável da atividade turística, pode ser melhor percebida na afirmação de Ignarra de que “A grande preocupação dos planejadores na atualidade é a sustentabilidade do turismo. É necessário definir um modelo de desenvolvimento que permita o crescimento da atividade sem perda de sua qualidade.” (Luiz Roberto Ignarra, 2003). Ou seja, deve-se buscar uma forma mais sustentável, ou menos predatória, de se praticar o turismo levando em consideração o tripé da sustentabilidade, já mencionado. Mas, como colocar em prática esta tão complexa – e, muitas vezes utópica – idéia de conscientização sustentável? O turismo é realmente capaz de produzir e consumir sem causar danos ou, pelo menos, minimizá-los?
A Certificação surge como uma resposta a estas indagações, uma vez que confere melhorias nas operações infra-estruturais e foco na qualidade de serviços. Contudo, nas praticas de certificação adotadas no Brasil, percebe-se uma tendência a focar apenas um dos elementos que compõe o tripé da sustentabilidade. Quando se fala em certificação em turismo no Brasil, foca-se, geralmente, a redução de impactos ambientais – redução de consumo de água e energia, coleta seletiva de lixo, entre outros – deixando um pouco de lado os fatores econômico e social, fugindo do próprio conceito de sustentabilidade.